31 dezembro 2012

swing



Já não tenho paciência nem vontade de fazer balanços. A própria palavra “balanço” soa-me a unidade contabilística e se nunca fui muito adepto de questões económico-financeiro-numéricas, cada vez mais tenho repulsa por tudo o que me leve a pensar e equacionar as coisas de um ponto de vista quantitativo.

A menos que tenha um outro enquadramento e me suscite, com incontornável e notória simpatia, uma analogia com a palavra... swing...

...e vai daí... o primeiro destaque para descoberta de um novo "vício". Um prazer "contemplativo" mas com propriedades audio-balsâmicas: A SMOOTH FM.

Um outro "vício", porém, me "prendeu" neste ano que ora finda. Uma oportunidade gratificante de serviço à Comunidade Autêntica onde me integro: O site/blog da IEBC e página(s) no FB


Destaco, finalmente, o facto de a data do fim do mundo continuar a ser uma incógnita como, aliás, os cristãos vêm dizendo há dois milénios por efeito da sua fé no texto sagrado.

Pessoalmente, para além da continuidade e reforço dos laços com pessoas que já fazem parte das minhas células relacionais indispensáveis à vida porque se foram entranhando com a sua amizade (e esses sabem muito bem quem são para que precise de os nomear!) e de novas e gratas amizades virtuais, quero apenas destacar alguns nomes que neste ano vieram enriquecer o meu universo interior e adquiriram o merecido epíteto: Os (ainda) virtuais AMIGOS e escritores Rui Miguel Duarte e Paulo José Miranda, as já não apenas virtuais AMIGAS Raquel, Rute e Anita Silva, o reencontro (também e ainda apenas virtual) do meu AMIGO de juventude Zé Ferreira e a (re)aproximação de AMIGOS como o casal Alzira e António Pinto e os meus AMIGOS e tios Olinda e João Varandas.

De comum em relação a todos estes relacionamentos a importância original do Facebook.
As redes sociais como esta tem, naturalmente, o seu lado pernicioso mas prefiro realçar a extrema importância que estes “universos” assumem quando criamos ou recriamos através do (re)encontro, quantas vezes inesperado, verdadeiras amizades e/ou relacionamentos sustentados e, quiçá, duradouros. 


Tenho, todavia, por via destas considerações, que voltar às palavras economicistas. Ainda bem.
Afinal sou muito mais RICO do que imaginava. 


Quanto às coisas negativas deste 2012...prefiro não lhes dar...balanço...!



FELIZ 2013!


AJV 

2012.12.31

27 dezembro 2012

SUBIDA



Destaque para o livro "Subida" do meu amigo "facebookiano" (por enquanto, apenas) Rui Miguel Duarte.
Livro que me enviou devidamente dedicado e que muito apreciei.
Uma obra poética de inspiração plural e ecléctica. Afinal, como a vida.
Uma poesia franca, expressiva e significante que vivamente recomendo.
Da Edium Editores.
Como eterno e desabrido romântico deixo aqui um exemplo de um poema escrito há precisamente dois anos atrás que é um dos meus preferidos e que integra esta colectânea.


INTERLÚDIO


Entre cozinhar e jantar
entre o dormir e o acordar

entre a seca e a monção
entre a fome e a profusão

entre o vestíbulo e a lua
entre as mantas e a pele nua

entre o exórdio e a narração
os argumentos e a peroração

entre o actor que sai
e o pano que sobre ele cai

entre as notas do grito
formadas na garganta do aflito

entre as fímbrias da eternidade
e a tua voz feita saudade

entre o tremor do leito
e o batimento do peito

entre o fluxo e o refluxo da maré
o subir o cume e descer ao sopé

entre a mão que se abre e se cerra
para toda acolher a água e a terra

há sempre o momento de um desejo
para o fluido instante de um beijo


27/12/10


- Rui Miguel Duarte in "SUBIDA"



AJV
2012.12.27

O estalajadeiro




24 dezembro 2012

Soli Deo Gloria




Dou Graças ao meu Deus por me ter inspirado a criar este simples e despretensioso postal de Natal.
Publiquei-o no passado dia 21 e hoje véspera de Natal já ultrapassou os 500 "Gosto" e as 160 partilhas no Facebook.

Soli Deo Gloria


12 dezembro 2012

In dubio





"Mas nós, segundo a promessa de Deus, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça." (2 Ped. 3:13)


Já há muito que me desencantei da ideia de que podemos exercer ou ver exercida a verdadeira justiça na nossa sociedade. À nossa volta grassa a corrupção, o compadrio,  a falsidade, o egoísmo, a desonestidade e todas as outras características que, enquanto meros cidadãos, não desejamos que os nossos filhos prossigam como fio condutor das suas vidas.
Essas (e outras semelhantes!) características de personalidade parecem ser cada vez mais apropriadas e agregadas em "pacote" pela classe política. E este não é um exclusivo português.
São exemplos por sobre exemplos que a cada dia nos chegam e que só descobrem a ínfima ponta do icebergue que abalroa a nossa desejável, pacata e honesta navegação existencial.
Eis porque, para mim, um político não goza da presunção de inocência (por analogia com o princípio de direito penal "in dubio pro reo") mas, outrossim, da presunção de implicação no conluio corrupto que tem feito do nosso dia-a-dia um tormento tribulado: in dubio contra politica.

AJV
2012.12.12

05 dezembro 2012

O DESERTO QUE TEMOS QUE ATRAVESSAR



Os "auto-promo-arvorados donos da verdade" que pelo meio evangélico pululam e dizem crer em Deus ao mesmo tempo que patrocinam activamente as chacinas gratuitas no Médio-Oriente, já se apressaram a condenar, quais líderes farisaico-religiosos, a nova obra de William P. Young "A Travessia", autor de uma obra magnífica chamada "A Cabana" e que desde que lida com o "olhos de leitor" perante a obra literária ficcional que é, levará o leitor, obviamente, a gostar ou a não gostar do texto mas só os ignorantes ou, quiçá, os detentores de má-fé esquizóide ou alucinada se atreverão a rotular de "atentado à teologia cristã" seja lá o que for que queiram significar com isso.

Eu, que não tenho qualquer complexo em relação ao que creio e já passei, há muito, a idade dos papões absurdos e sem nexo, estou naturalmente curioso em relação a esta obra. E vou ler. E muito provavelmente irei gostar. Problema deles.


AJV
2012.12.05

19 novembro 2012




Morrerei sem entender o apoio dado por tantos cristãos aos sionistas. Morrerei sem perceber como se podem apoiar acções militares criminosas dos algozes do Messias.
Não estarei cá para perceber porque é mais importante para alguns defender o estado criminoso de Israel na chacina de, entre outros, cristãos meus Irmãos na fé cujo único crime é terem, como eu, aceitado o Messias como seu Salvador e, 

também como eu, serem gentios!
Morrerei certamente antes mas nunca hei-de perceber o porquê da solidariedade com os israelitas e o ódio, patente ou dissimulado, aos palestinianos. Dizem que é o Hamas. Essa e todas as outras organizações terroristas são odiosas. Mas parece que alguns só vêem no horizonte aquilo que querem ver. Os terroristas, se não forem do Hamas e se defendem o mesmo que eles, passam a ser "bonzinhos".
Morrerei certamente antes.
Mas não morrerei cego.
Graças a Deus.





AJV



12 novembro 2012

VADE RETRUM



Como trabalhador do sector público do Estado, estou obrigado, desde Janeiro de 2011, a aplicar o acordo “Abortográfico” tendo recebido instruções por escrito (mal escritas!) nesse sentido.
Nas instruções que me foram facultadas quanto ao modus faciendi (e que incluíam a configuração do revisor do programa para “Após Acordo”), é dito que as palavras que apareçam sublinhadas a vermelho devem ser substituídas por uma das palavras que é sugerida pelo “Microsoft Word (MW)” quando clicar com o botão direito do rato por sobre a palavra pretensamente mal escrita por não seguir aquele acordo.
Desde logo, surgem-me duas pertinentes e práticas questões (que apesar de merecerem uma resposta por parte dos meus superiores, não a obtêm por razões óbvias) :

Primeira questão (genérica): como cultor da Língua Portuguesa também perfilho a perfeita ortografia.
Logo, quando colocado perante este cenário, como faço para escolher entre dois ou mais erros e qual a lógica a seguir nessa aberrante escolha?

Segunda questão (específica): quando escrevo uma palavra que o MW sublinha a vermelho - e não por se tratar de um erro gramatical ou ortográfico – e o programa não apresenta uma opção correspondente nem alternativa mas apenas outras sugestões de palavras, o que devo fazer?
Surgiu-me esta última questão quando escrevia a seguinte frase:
“Neste processo foram detectadas várias anomalias.”

A palavra “detectadas” aparece sublinhada a vermelho e quando clico no botão direito do rato por sobre a palavra aparecem as seguintes opções de substituição: detestadas, destetadas, detestada.

Alguém me sabe dizer qual a palavra a escolher?

O que me parece mesmo, sem grandes dúvidas,  é que neste “aborto” foram destetadas várias anomalias…
Vade retrum.

AJV
2012.11.12

07 novembro 2012

DESCONFIO



Frequentemente no Facebook assisto e participo em comentários à situação política quer nacional quer internacional.
Sendo grande parte dos meus “amigos facebuquianos” constituída por cristãos, não raras vezes, assiste-se ao “extremar” de posições entre os que se posicionam mais à direita e os que assumem uma posição mais à esquerda. Isto para usar a distinção clássica.
Não é novidade para ninguém que me situo, convictamente, no último destes grupos.
E, certamente, que com argumentos tão ou mais defensáveis que os meus, aqueles que se situam politicamente no “outro lado” pensarão algo semelhante a isto embora de sentido oposto: não consigo entender como se pode ser cristão e ter posições ultra-conservadoras. Dito de forma mais simplista: como é possível ser-se seguidor de Cristo e assumir um posicionamento político à direita no espectro político?

Confesso que tenho alguma - para não dizer muita – dificuldade em “engolir” o que eu acho ser uma contradição com o princípio bíblico básico de “Amar a Deus acima de todas as coisas e o Próximo como a nós mesmos
Como “excomungar” do amor de Deus gays, lésbicas, aborcionistas e outros apoiantes de ideias e/ou comportamentos, quiçá condenáveis, mas cujos detentores são tão amados por Deus como eu sou.

Os comentários que leio expressam ideias eivadas de ódio para com aquelas pessoas. Não para com o homossexualismo, o aborto, a "esquerda" mas, outrossim, um ódio velado para com os seguidores dessas “aberrações”.
Acho que morrerei sem entender esses cristãos que orgulhosamente se auto-apelidam de “fundamentalistas” e no seio dos quais eu cresci sem nunca, todavia, me identificar com essas posições que sempre considerei e continuo a considerar como abjectas e anti-bíblicas. 
Escusado será dizer que o meu posicionamento me valeu, ao longo dos anos, sérios dissabores.
Mas com esse facto vivo eu em perfeita harmonia.

E é por tudo o que disse que também continuo a amá-los apesar das suas ideias.
E da insuportável "superioridade moral" que gostam de ostentar.
Abomino as suas ideias mas amo os meus irmãos. Oro para que o Senhor dê unidade à Sua Igreja. 
Mas também nunca orei ou orarei por unicidade, quer eclesial ou outra qualquer.

O que me entristece é desconfiar que esse patente ódio pelos gays, lésbicas, prostitutas, drogados, aborcionistas e, na sua formulação, outros equivalentes quejandos, provindo de um íntimo e sincero sentimento, se estenderá aos seus irmãos na fé que não pensam, qual rebanho, do mesmo modo.

E aí, parafraseando O Mestre, apetece-me orar: 
Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que pensam, dizem ou fazem.


AJV
2012.11.07

05 novembro 2012

OBAMA 2012



Não existe essa coisa chamada indiferença. As eleições americanas são, obviamente, importantes para todo o mundo.
Não o apoio por ser um Cristão em oposição a um Mórmon. O meu apoio, apesar de inócuo, deve-se a não querer um "amigo ideológico" de Merkel ou Passos Coelho como Presidente dos Estados Unidos.
A bem de todos nós.

AJV

28 outubro 2012

INTERDEPENDÊNCIA




Notícia de Última Hora

Fontes próximas do Real Madrid anunciaram hoje que Cristiano Ronaldo comunicou a José Mourinho a sua indisponibilidade para continuar a treinar com a restante equipa. CR7 terá enviado uma missiva ao treinador do clube madrilista onde tece algumas considerações sobre o percurso da equipa principal de futebol e se manifesta indisponível para continuar a treinar junto com os seus colegas tendo alegado nomeadamente: “…não necessito dos meus colegas para ser o melhor jogador do mundo nem eles precisam de mim para continuarem a ser uma equipa. Eu já provei que sou, sem sombra de dúvida o melhor jogador do mundo e não preciso de treinar ou jogar com os meus colegas para continuar a ser o melhor. Para quem tenha dúvidas da minha qualidade posso sempre fazer uma exibição individual das minhas capacidades futebolísticas”.

Desnecessário será dizer que se trata, não só de uma notícia falsa como, a ser verdade, roçaria até o absurdo.
É impensável conceber um desporto colectivo como o futebol e aceitar a mera possibilidade de uma atitude semelhante à que, ficcionadamente, relatei.
No entanto, bastará pensarmos um pouco, para chegarmos facilmente à conclusão que uma atitude equivalente a esta é tantas vezes aquilo a que assistimos à nossa volta no contexto da nossa Igreja local. Quiçá, na nossa própria atitude.
Não raras vezes, (eventualmente a maior parte delas dentro da nossa própria cabeça) ouvimos expressões do tipo: “No meio de tanta gente quem vai dar pela minha falta” ou “ para quê a minha ajuda. Não falta gente para ajudar” ou, ao invés, se a questão for o papel da Igreja na nossa vida somos confrontados com pensamentos do tipo: “eu sei no que creio, estou seguro da minha fé, à minha volta e dentro da Igreja vejo tanta coisa a correr mal, tantas atitudes erradas que vou viver a minha fé fora dali. Não preciso dos outros para nada. Só preciso de Deus. E com Deus estou bem, portanto…”.
Nada de mais errado!
Na Bíblia encontramos variadíssimas vezes a imagem da Igreja como um corpo. E não um corpo qualquer. O próprio Corpo de Cristo, razão da nossa fé.
Um corpo, tal como uma equipa, são realidades plurais.

Eu não gosto particularmente do meu nariz. Para além da sua, digamos, superlativa dimensão, acresce que esteticamente é assimétrico em relação ao rosto. 
(E não quero sequer imaginar o que seria se fosse o meu nariz a não gostar de mim…) 
Perante este facto poderei ter uma de duas atitudes: ou faço uma cirurgia estética de reconfiguração e fico com um apêndice mais pequeno, porventura mais bem enquadrado no rosto mas não deixará de passar a ter uma natureza artificial ou, então, numa atitude mais sensata, aceito o meu nariz e o resto do meu corpo exactamente como são e prossigo a minha vida aceitando-me tal como sou, resultado do supremo design(io) do Criador.
Ainda não tinha 30 anos de idade, quando achei que eu era um “nariz direito” mas todo o corpo à minha volta estava torto. Tinha tido oportunidade de interiorizar e enraizar as bases e alicerces da minha fé, fruto do discipulado adquirido quer na Igreja Local, nos acampamentos e, ainda, no Grupo Bíblico Universitário (GBU) de que fora dirigente, e como estava bem seguro daquilo em que cria, não ia precisar de mais nada nem de mais ninguém. Resolvi, então, partir para uma experiência a que chamaria de Cristianismo Autónomo e Independente – CAI(!) sem desconfiar que estava apenas a encontrar uma designação atraente e pomposa para uma coisa que nada mais era afinal que a travessia de um deserto consubstanciado numa experiência pessoal penosa e traumática que o Senhor Jesus tão bem retratou na Parábola do Filho Pródigo.
Quero, todavia, deixar bem claro que, não fora a preparação adquirida na juventude em termos de discipulado activo, e o meu regresso poderia ter sido uma mera miragem ou, pelo menos, ser bem mais tardio, com as inevitáveis e dolorosas consequências daí decorrentes.
Haverá, certamente, quem diga que é uma pena não existirem comunidades perfeitas.
Mas como constituir uma comunidade perfeita quando aqueles que a integram são, inapelavelmente, imperfeitos?
Uma coisa é, porém, certa: só na comunhão efectiva e na união das diversas imperfeições se consegue construir uma comunidade plena, certamente não de atitudes perfeitas, mas de atitudes autênticas e de partilha e construção conjuntas. E só nessa comunhão se atingem objectivos vitoriosos. E neste propósito não há dispensáveis. Todos, sem qualquer excepção, estão convocados.

A discussão no mundo do futebol sobre se o melhor é Lionel Messi ou CR7 nunca foi e nunca será sobre qual deles é o jogador perfeito.
E nenhum deles teria conquistado o que já conquistou e seria o que já é hoje, e poderá ainda vir a ser e a conquistar, se tivessem decidido passar a vida a fazer exibições individuais de domínio de uma bola. Quer um quer outro, são considerados os melhores do mundo, porque fazem parte de equipas onde a sua contribuição é fundamental e onde também os seus colegas, não obstante poderem ter até um nível técnico ou competitivo ligeiramente inferior ao seu, são essenciais ao seu desempenho e ao seu crescimento pessoal como atletas e como indivíduos. Para já não falar de todas as outras áreas que assumem o suporte logístico das áreas principais e que, como tal, são igualmente importantes. Estes atletas são o que são, apenas e só, porque fazem parte de uma equipa que ajudam a construir e a tornar vencedora. Equipa, de onde emergem, unicamente, porque nela estão integrados. A medida do seu relevo é consequência lógica e directa da sua integração no colectivo. E sem esse colectivo, simplesmente, não existem.
A Igreja, quer na sua dimensão universal quer local, tal como o futebol, é um “jogo” (playground/espaço) colectivo! E todos fazemos parte do “plantel”! E todos temos que estar à disposição do “treinador”!
Como em qualquer estrutura colectiva, o conceito essencial e central é a interdependência.

Quero deixar-vos uma sugestão: A leitura atenta do capítulo 12 da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios na versão A BÍBLIA PARA TODOS onde, a dado passo, se pode ler:
a verdade é que Deus colocou todas as partes do corpo, cada uma no lugar que lhe pareceu melhor.” (18)
e
“o que parece mais fraco no corpo é, por vezes, o mais preciso. (22)



Abel José Varandas
2012.10.25



08 outubro 2012

Dia de saudade




38 anos após
Dilacerado na saudade
De uma partida sem aviso
Do abraço que me faz falta
Da tua presença serena
Sei que estás aqui
Bem perto, bem dentro
Presença que não acaba
Jamais.


AJV
2012.10.08

02 outubro 2012

A GREVE E OS SEUS EFEITOS



Durante os treze anos em que fui dirigente sindical, uma das questões que sempre foi e, provavelmente, sempre será redundante quando se parte para uma greve no sector público é o facto de invariavelmente a mesma poder vir a afectar os cidadãos em geral e, quando ocorre em sectores básicos como os transportes, é muito comum a vox populi ser de que este direito vem prejudicar, essencialmente, o dia-a-dia dos utentes e não o “patronato” que até, neste caso, assegura alguma poupança em massa salarial sem, no entanto, aceder, na maioria das vezes, ao fluxo reivindicativo.
Ora, quanto maior for o prejuízo causado à normalidade da prestação de um serviço público e quanto maior for o número de cidadãos ou interesses envolvidos nos seus resultados, mais eficaz é o efeito da greve. O que se pretende numa acção grevista é exactamente que seja impactante nos seus efeitos. Quanto maior o grau de inocuidade de uma greve, maior o seu fracasso. O mesmo é dizer que o sucesso do direito à greve não se mede apenas pelo número de adesões dos trabalhadores, em concreto, titulares  desse direito mas, e sobretudo, pelo impacto social da acção grevista.
Efectivamente, pela experiência que adquiri e historicamente comprovada, os “patrões” , não raras vezes, parecem ser os mais alheados do impactos das greves, para além de, na sua lógica, mesmo quando um determinado serviço pára por completo, não existirem greves com adesão total e, invariavelmente, os seus números se afastarem dos apurados pelo movimento sindical (onde também, por vezes, se exagera por excesso!) quase até ao absurdo.

Apesar de já há muito desconfiado, percebi recentemente a verdadeira causa de todas estas minhas “estranhezas” em relação à leitura feita pelos “patrões”, em cada caso concreto, aos efeitos do exercício deste direito constitucional.
Aquilo que sempre julguei ser a assunção de posições táctico-estratégicas do mundo laboral e que levava (e leva!) invariavelmente os “patrões” a desvalorizar os efeitos que os cidadãos sentiam (e sentem!) como prejuízo necessário e decorrente do exercício daquele direito, não passava afinal de… “ignorância”.
Obrigado, Borges.

Abel J. Varandas
2012.10.02

14 setembro 2012

CRISTIANISMO E (ULTRA) NEO-LIBERALISMO



“A globalização e liberalização, como motores do crescimento económico e o desenvolvimento dos países, não reduziram as desigualdades e a pobreza nas últimas décadas”
in “Flat World, Big Gaps” - Jomo Sundaram/Jacques Baudot (ONU)







Há dias, numa pequena discussão no Facebook, suscitada pelo comentário de um cidadão que se proclama cristão evangélico e ao mesmo tempo “liberal de direita” e em que defendia as supostas virtudes do neo-liberalismo económico, defendi que aquela corrente ideológica é, na minha óptica, anti-bíblica e demoníaca (no sentido de que tudo o que fere directamente a Palavra de Deus procede invariavelmente de origem maligna).

E reafirmo a minha convicção.

Sem partirmos para uma análise profunda desta teoria económica pois não é essa, nem de longe nem de perto, a nossa intenção, convém, todavia, e de um modo breve e simplificado, perceber do que falamos:

A partir da década de 60 do Séc. XX “neo-liberalismo passou a significar a doutrina económica que defende a absoluta liberdade de mercado e uma restrição à intervenção estatal sobre a economia, só devendo esta ocorrer em sectores imprescindíveis e ainda assim num grau mínimo. (…)

A mais recente onda liberalizante, que ficou conhecida como neo-liberalismo, teve seu início com a queda do muro de Berlim. Foi promovida pelo FMI, por economistas liberais como Milton Friedman, por seguidores da Escola de Chicago, entre outros, sendo por eles apregoada como a solução que resolveria parte dos problemas económicos mundiais, reduzindo a pobreza e acelerando o desenvolvimento global.(…)

As políticas liberais adoptadas não trouxeram ganhos significativos para a melhoria da distribuição do rendimento. Pelo contrário: "A desigualdade no rendimento per capita aumentou em vários países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico) durante essas duas décadas, o que sugere que a desregulação dos mercados teve como resultado uma maior concentração do poder económico."

Supreendentemente, a liberalização do fluxo de capitais financeiros internacionais, que era apontada como uma maneira segura de fazer os capitais jorrarem dos países ricos para irem irrigar as economias dos países pobres, deles sedentos, funcionou exactamente ao contrário.

O fluxo de dinheiro inverteu-se, e os capitais fugiram dos países mais pobres, indo para os mais ricos: "Houve uma tremenda liberalização financeira e pensava-se que o fluxo de capital iria dos países ricos para os pobres, mas ocorreu o contrário", (Jomo Sundaram)” (Fonte: Wikipedia com as necessárias adaptações ortográficas para Português. Destacados nossos)

Refira-se que a Escola Austríaca do liberalismo defende que nenhum país conseguiu até hoje aplicar verdadeiramente as ideias liberais clássicas e que o “neo-liberalismo” na prática é um fracasso.

O Cristianismo, sabêmo-lo sobejamente, não é uma teoria (muito menos económica), uma ideologia ou uma mera corrente de opinião.

O Cristianismo transcende essas classificações porque é uma vivência global e algo de transversal a todas as áreas da vida e pensamento dos seus seguidores. Aliás, desde logo, o verdadeiro Cristianismo não tem, verdadeiramente, seguidores. Aqueles que se apelidam de seguidores do Cristianismo poderão ser religiosos, estudiosos, adeptos mas não Cristãos. Um cristão é um discípulo. E o discipulado implica compromisso. Um cristão está forçosamente comprometido com Cristo. Não apenas com as ideias que Cristo defendeu e difundiu, não apenas com o seu posicionamento ideológico mas com o seu exemplo de vida e, mais ainda, com a Sua própria Vida. É um imitador de Cristo na feliz formulação de Tomás de Kempis (e que o apóstolo Paulo já indirectamente sugeria em 1 Coríntios 11:1).

Sabemos que a dicotomia direita/esquerda está historicamente datada e hoje em dia já tem pouca actualidade em face das novas realidades da globalização.

Mas sabemos também que permanece no nosso espírito a ideia básica que presidiu àquela distinção e se ainda hoje as usamos para nos definirmos político-ideologicamente é porque, bem lá no fundo, tem uma utilidade, talvez já só instrumental, mas acaba por assumir um papel de simplificação do nosso posicionamento político porque, apesar de tudo, não deixámos de lado o que subjaz àquela dicotomia e a importância que lhe damos, permanece.

Assim quando alguém se proclama de “liberal de direita” todos (ou quase todos) sabemos aquilo que o autor do epíteto quer dizer e qual o tipo de pensamento (e prática!) que subscreve.

Da mesma forma que quando me afirmo (e esta observação não é apenas retórica) de esquerda (mais propriamente "Conservador de Esquerda") também não haverá grandes dúvidas do que pretendo dizer.

Mas então porque é que ser “liberal de direita” é, a meu ver, anti-bíblico?
[A expressão aparentemente redundante "liberal de direita" (não consigo imaginar um liberal de esquerda!) parece-me ser afinal enfática e querer dizer, provavelmente, ultra-liberal.]

A resposta afigura-se-me bastante simples. Porque contraria todo a mensagem evangélica. Porque do mesmo modo que não é possível conciliar amor e ódio, benção e maldição, também não se pode conjugar amor ao próximo e supremacia/opressão económica sobre esse mesmo próximo.

Não vou aqui desenrolar argumentos de hermenêutica bíblica ou considerações próprias da apologética.

Não é essa a minha intenção nem possuo credenciais na área teológica para poder ter autoridade na matéria. Mas de uma breve análise ainda que leiga de alguns textos bíblicos não vejo como se possa defender uma tese neo-liberal e afirmar-se simultaneamente a qualidade de cristão.

Eis uma pequena selecção subjectiva de alguns desses textos:

“Jesus disse ainda: «Quando o Filho do Homem vier na sua glória, com todos os seus anjos, estará sentado no seu trono majestoso e todos os povos da Terra se juntarão diante dele. Então ele há-de separá-los uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas das cabras.

Porá as ovelhas à sua direita e as cabras à sua esquerda.

E dirá aos que estiverem à sua direita: “Venham, abençoados de meu Pai! Venham receber por herança o reino que está preparado desde a criação do mundo.

Pois eu tive fome e deram-me de comer, tive sede e deram-me de beber, era peregrino e hospedaram-me, andava nu e deram-me que vestir, estive doente e visitaram-me, estive na cadeia e foram-me visitar.”

Então os justos hão-de replicar: “Senhor, quando é que nós te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber?

Quando é que nós te vimos como um peregrino e te hospedámos, ou nu e te demos que vestir?

Quando é que nós te vimos doente ou na cadeia e te fomos visitar?”

E o rei lhes responderá: “Saibam que todas as vezes que fizeram isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizeram.”

Depois dirá aos que estiverem à sua esquerda: “Afastem-se de mim, malditos! Vão para fogo eterno que foi preparado para o Diabo e para os seus anjos!

Pois tive fome e não me deram de comer, tive sede e não me deram de beber,

era peregrino e não me deram hospitalidade, andava nu e não me deram que vestir, estive doente e na cadeia e não me visitaram.”

Estes hão-de perguntar também: “Senhor, quando foi que nós te vimos com fome, ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou doente, ou na cadeia e não cuidámos de ti?”

O rei então lhes há-de responder: “Saibam também que todas as vezes que deixaram de fazer isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o deixaram de fazer.”

Estes serão enviados para o castigo eterno, enquanto os que fizeram o bem irão para a vida eterna.» (Mateus 25:31-46)

“Todos participavam fielmente no ensino dos apóstolos, na união fraterna, no partir do pão e nas orações.

Toda a gente andava impressionada com o que se estava a passar, porque Deus fazia muitos sinais milagrosos e maravilhas por meio dos apóstolos.

Os crentes viviam unidos e punham em comum tudo o que possuíam.

Vendiam as suas propriedades assim como outros bens e dividiam o dinheiro entre todos, de acordo com as necessidades de cada um.

Reuniam-se diariamente no templo. Partiam o pão ora numa casa ora noutra, comendo juntos com alegria e simplicidade de coração.

Davam louvores a Deus e tinham a simpatia de todo o povo. Cada dia que passava, o Senhor aumentava o número dos que recebiam a salvação. (Actos 2: 42-47)

“Não faltes à justiça, quando tiveres que defender a demanda dum pobre.” Êxodo 23:6

“Avisa os que são ricos em bens deste mundo para que não se envaideçam nem ponham a sua esperança numa riqueza que não é segura. Confiem antes em Deus que põe todas as coisas à nossa disposição para nossa satisfação.” I Timóteo 6:17

“Imaginem que algum irmão ou irmã, não tem nada que vestir e lhe falta o necessário para comer, cada dia. Poderão dizer-lhes: «Vão em paz! Hão-de encontrar com que se aquecer e matar a fome!»
Mas se não lhes dão aquilo de que eles precisam, de que valem essas boas palavras?” (Tiago 2: 15,16)

Meus filhos, não amemos com palavras e discursos, mas com acções e com verdade. (1 João 3:18)

De facto, toda a lei de Deus se resume num só mandamento: Ama o teu próximo como a ti mesmo. (Gálatas 5:14)

“O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu sempre vos amei. Não há maior amor do que dar a vida por aqueles a quem se ama.” (João 15:12,13)



Reconheço não ter capacidade intelectual para entender como se concilia, enquanto cristão, um amor sacrificial e absolutamente genuíno e incondicional (ágape) como o descrito, vivido e ensinado por Jesus Cristo e uma doutrina que conduz a uma prática de exploração indigna, injusta e éticamente indefensável dos economicamente mais poderosos sobre os mais fracos, mais pobres e desprotegidos. Sejam quais forem os argumentos utilizados. Porque, como diz o povo na sua habitual e proverbial razão: contra factos não há argumentos.

Até poderá ser que seja, mas até prova inequívoca em contrário, não creio que o defeito seja meu.



Abel José Varandas 

2012.09.14 

12 setembro 2012

BILHETE DE IDENTIDADE


O mês passado fui tratar do Cartão do Cidadão.O meu Bilhete de Identidade caduca amanhã, dia 13 de Setembro, e como estava de férias aproveitei a ocasião.
A subida exponencial do preço deste documento OBRIGATÓRIO, revela também que é a lógica economicista a presidir à reforma efectuada. O antigo BI alargava o período de validade na medida em que o seu titular ia envelhecendo (este último teve a validade de 10 anos) até chegar à idade da reforma/aposentação a partir da qual se adquiria o direito a ter um BI vitalício.
Agora as mentes iluminadas do Sec. XXI (esta foi uma decisão do governo Sócrates) acharam por bem impor uma validade máxima e invariável de 5 anos para o CC. (Estão a ver o cidadão Manoel de Oliveira nos seus 103 anos de idade a revalidar o seu CC de 5 em 5 anos... deve ser para manter a foto actualizada...digo eu...)

Mas deixa-me falar baixo porque se o Gaspar ou o PPC ouvem ainda se lembram de nos obrigar a renovar, quiçá, anualmente e sobem o preço da renovação para uns, digamos, 18% do vencimento...

Na sequência deste processo, recebi, ontem mesmo, uma carta da DGAI (Direcção-Geral de Administração Interna) a informar-me que, em virtude da alteração de residência comunicada através da obtenção do CC, o meu nº de eleitor e secção de voto haviam, também, sido alterados.

Agradeço a informação apesar da sua total inutilidade superveniente.

É que decidi recentemente não voltar a votar neste regime de pseudo-democracia onde, por um qualquer "misterioso" desígnio com patente comprovação histórica, o grupo crescentemente minoritário de eleitores portugueses, acaba sempre e apenas por escolher, em cada eleição, entre a "morte" e o "falecimento".

AJV
12.09.12

Mensagem do líder da AI QUE QUEDA




O líder da AI QUE QUEDA anunciou ontem solenemente que a troika "aliviou" os prazos. Simultaneamente, e por se tratar do dia 11 de Setembro, anunciou mais medidas de austeridade já previamente apelidadas por Heiner Flassbeck (ONU) como "a coisa mais estúpida"(sic) e "um desastre", por forma a destruir literalmente o pouco que resta da economia nacional, para além do extermínio final da chamada classe média.


Não satisfeito, ainda veio, com ar alucinado, pretensamente irónico-sarcástico e absolutamente sádico, sugerir que a ofensiva sem precedentes contra o povo português é algo desejado por eles porque o povo português adora sofrer.


Pergunto-me se o Presidente Obama não nos emprestará os NAVY SEALS que nós indicamos a localização precisa do alvo.
Em caso negativo (as eleições já lhe dão dores de cabeça...), usemos V.E.S.P.A. (Veneno Especial Supressor de Políticos Alucinados).



AJV
12.09.12

08 setembro 2012

LEVANTEMO-NOS E EDIFIQUEMOS



Pensei em escrever uma CARTA ABERTA ao primeiro-ministro na sequência do seu discurso de ontem em que agravando exponencialmente as medidas de austeridade que continuam a incidir exclusivamente sobre os trabalhadores, acaba de passar uma certidão de óbito à economia portuguesa e, consequentemente, degradar inqualificável e definitivamente as condições de vida da grande maioria do povo deste desgraçado país.

Recuei nessa intenção porque julgo que, como cristão, tenho obrigação de "não dar pérolas a porcos" e só seria digno dessa carta se me merecesse ainda algum respeito para além do institucional a que estou, obviamente, vinculado.

Mas deixo-lhe, ao invés, não as minhas palavras mas as palavras do LIVRO DOS LIVROS na esperança de que as orações que o povo de Deus vem fazendo pelos seus governantes tenham a devida (e divina) resposta.

De qualquer dos modos, este primeiro-ministro tem feito e continua a fazer tudo para que o seu nome fique na história. E vai conseguir. Tal como Hitler, Mussolini ou Salazar.


 «Faz ouvir a tua voz para defender os que não podem falar e os desventurados.
Faz ouvir a tua voz em seu favor e faz justiça aos pobres e miseráveis.» - Provérbios 31:8,9 (BPT)

Ai daqueles que, mesmo de noite, deitados, só planeiam o mal que vão fazer, e, assim que rompe o dia, executam os seus planos maléficos, porque têm o poder nas suas mãos.
Cobiçam terras e apoderam-se delas; cobiçam casas e tomam-nas à força; oprimem os homens e as suas famílias e tomam-lhes as suas propriedades.
Por isso, diz o SENHOR: «Também eu vou planear uma desgraça contra esta gente; nenhum deles conseguirá escapar. Deixarão de andar por aí orgulhosos, porque vai chegar o tempo da vossa desgraça.
E quando chegar esse momento, os outros hão-de cantar pela vossa desgraça, em tom de sátira e também de lamentação: “Estamos completamente arruinados! O SENHOR tirou-nos as nossas terras e deu-as àqueles que nos fizeram prisioneiros.”
Por isso, quando as terras voltarem para a posse do povo do SENHOR, nenhum de vocês será contemplado!» - Miquéias 2:1-5 (BPT)


Um rei que pratica a justiça assegura a prosperidade do país; mas, quando só pensa nos impostos, arruína-o. – Provérbios 29:4 (BPT)



Abel J. Varandas
8 de Setembro de 2012

24 agosto 2012

Revolução Liberal do Porto




"O movimento articulado no Porto pelo Sinédrio eclodiu no dia 24 de Agosto de 1820. Ainda de madrugada, grupos de militares dirigiram-se para o campo de Santo Ovídio (atual Praça da República), onde formaram em parada, ouviram missa e uma salva de artilharia anunciou públicamente o levante. Às oito horas da manhã, os revolucionários reuniram-se nas dependências da Câmara Municipal, onde constituíram a "Junta Provisional do Governo Supremo do Reino" (fonte: Wikipedia)


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