Frequentemente no Facebook assisto e participo em comentários à situação
política quer nacional quer internacional.
Sendo grande parte dos meus “amigos facebuquianos” constituída por cristãos,
não raras vezes, assiste-se ao “extremar” de posições entre os que se
posicionam mais à direita e os que assumem uma posição mais à esquerda. Isto
para usar a distinção clássica.
Não é novidade para ninguém que me situo, convictamente, no último destes
grupos.
E, certamente, que com argumentos tão ou mais defensáveis que os meus, aqueles
que se situam politicamente no “outro lado” pensarão algo semelhante a isto
embora de sentido oposto: não consigo entender como se pode ser cristão e ter
posições ultra-conservadoras. Dito de forma mais simplista: como é possível
ser-se seguidor de Cristo e assumir um posicionamento político à direita no
espectro político?
Confesso que tenho alguma - para não dizer muita –
dificuldade em “engolir” o que eu acho ser uma contradição com o princípio
bíblico básico de “Amar a Deus acima de todas as coisas e o Próximo como a nós mesmos”.
Como “excomungar” do amor de Deus gays, lésbicas, aborcionistas e outros
apoiantes de ideias e/ou comportamentos, quiçá condenáveis, mas cujos
detentores são tão amados por Deus como eu sou.
Os comentários que leio expressam ideias eivadas de ódio
para com aquelas pessoas. Não para com o homossexualismo, o aborto, a "esquerda" mas, outrossim, um ódio velado para com os seguidores dessas “aberrações”.
Acho que morrerei sem entender esses cristãos que
orgulhosamente se auto-apelidam de “fundamentalistas” e no seio dos quais eu
cresci sem nunca, todavia, me identificar com essas posições que sempre
considerei e continuo a considerar como abjectas e anti-bíblicas.
Escusado será dizer que o meu posicionamento me valeu, ao longo dos anos,
sérios dissabores.
Mas com esse facto vivo eu em perfeita harmonia.
E é por tudo o que disse que também continuo a amá-los apesar das suas ideias.
E da insuportável "superioridade moral" que gostam de ostentar.
E da insuportável "superioridade moral" que gostam de ostentar.
Abomino as suas ideias mas amo os meus irmãos. Oro para que o Senhor dê unidade
à Sua Igreja.
Mas também nunca orei ou orarei por unicidade, quer eclesial ou outra qualquer.
O que me entristece é desconfiar que esse patente ódio pelos gays, lésbicas,
prostitutas, drogados, aborcionistas e, na sua formulação, outros equivalentes
quejandos, provindo de um íntimo e sincero sentimento, se estenderá aos seus
irmãos na fé que não pensam, qual rebanho, do mesmo modo.
E aí, parafraseando O Mestre, apetece-me orar:
Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que pensam, dizem ou fazem.
AJV
2012.11.07