"Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor”
- Carta de Paulo aos Romanos 6:23
Fiquei atónito ao ouvir recentemente, durante a Escola Bíblica Dominical*, um destacado membro da Igreja onde congrego, declarar que, para ele, é claro que a Bíblia distingue entre pecados. Nomeadamente, no Velho Testamento – continuou – existiria diferença entre pecados que Deus “abomina” e pecados que “apenas” desagradam a Deus.
Entristeçe-me verificar que este tipo de pensamento vai perdurando nas nossas igrejas. Fico a pensar que tenho irmãos na fé que, estranhamente, ainda não entenderam completa e inequivocamente o alcance da mensagem evangélica.
Esta tese vem, claramente, de encontro à “velha e católica” distinção entre pecados “mortais” e pecados “veniais”.
A minha única razão de contido agrado quando essa afirmação foi proferida foi o facto de o exemplo bíblico apontado como sustentador dessa tese ter sido retirado em exclusivo do Velho Testamento.
Efectivamente, a lei mosaica graduava os pecados e elencava pecados maiores (peccata clamantia) e pecados menores (peccata minuta).
Esta dicotomia que consideramos aceitável no tocante aos efeitos e às consequências materiais dos pecados, merece o nosso repúdio no que à sua natureza diz respeito.
Jesus, veio para cumprir a lei. No entanto, Cristo mudou o paradigma. Toda a lei se resume, se completa, em dois grandes mandamentos (cfr. Mateus 22: 33-38).
“Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio acto, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?” (João 8: 4,5)
O adultério era punido com a morte (cfr. Levítico 20:10). Jesus sabia disso. Ele, como Verbo, era (co-)autor da lei. A sua interpretação da lei é a única fidedigna. Por ser autêntica.
Quando lhe trouxeram a mulher apanhada em flagrante adultério, Jesus demonstrou às autoridades civis e eclesiásticas (naquele tempo estes domínios confundiam-se…e afinal a sociedade, a esse nível, não mudou assim tanto…) como para ele o pecado é pecado, PONTO FINAL!
Supostamente o adultério era um dos tais pecados que “Deus abomina” (ao contrário de outros que Deus "apenas desaprova”???!). Por isso mesmo a pena era a pena capital. Mas A suprema sabedoria d’Aquele que é AMOR, o autor da vida, do perdão, da salvação dirige uma seta de encontro ao coração daqueles pretensos “doutores”: “Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.” (João 8:7)
Para os defensores da “lista classificativa dos pecados” Jesus enganou-se. Certamente. O que Ele quereria ter dito seria: aquele de vós que está sem pecado abominável e não apenas pecado, pois isso igualaria o pecado ou os pecados o que não se coaduna com o “douto” entendimento de tais autoridades nesta matéria.
- Carta de Paulo aos Romanos 6:23
Fiquei atónito ao ouvir recentemente, durante a Escola Bíblica Dominical*, um destacado membro da Igreja onde congrego, declarar que, para ele, é claro que a Bíblia distingue entre pecados. Nomeadamente, no Velho Testamento – continuou – existiria diferença entre pecados que Deus “abomina” e pecados que “apenas” desagradam a Deus.
Entristeçe-me verificar que este tipo de pensamento vai perdurando nas nossas igrejas. Fico a pensar que tenho irmãos na fé que, estranhamente, ainda não entenderam completa e inequivocamente o alcance da mensagem evangélica.
Esta tese vem, claramente, de encontro à “velha e católica” distinção entre pecados “mortais” e pecados “veniais”.
A minha única razão de contido agrado quando essa afirmação foi proferida foi o facto de o exemplo bíblico apontado como sustentador dessa tese ter sido retirado em exclusivo do Velho Testamento.
Efectivamente, a lei mosaica graduava os pecados e elencava pecados maiores (peccata clamantia) e pecados menores (peccata minuta).
Esta dicotomia que consideramos aceitável no tocante aos efeitos e às consequências materiais dos pecados, merece o nosso repúdio no que à sua natureza diz respeito.
Jesus, veio para cumprir a lei. No entanto, Cristo mudou o paradigma. Toda a lei se resume, se completa, em dois grandes mandamentos (cfr. Mateus 22: 33-38).
“Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio acto, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?” (João 8: 4,5)
O adultério era punido com a morte (cfr. Levítico 20:10). Jesus sabia disso. Ele, como Verbo, era (co-)autor da lei. A sua interpretação da lei é a única fidedigna. Por ser autêntica.
Quando lhe trouxeram a mulher apanhada em flagrante adultério, Jesus demonstrou às autoridades civis e eclesiásticas (naquele tempo estes domínios confundiam-se…e afinal a sociedade, a esse nível, não mudou assim tanto…) como para ele o pecado é pecado, PONTO FINAL!
Supostamente o adultério era um dos tais pecados que “Deus abomina” (ao contrário de outros que Deus "apenas desaprova”???!). Por isso mesmo a pena era a pena capital. Mas A suprema sabedoria d’Aquele que é AMOR, o autor da vida, do perdão, da salvação dirige uma seta de encontro ao coração daqueles pretensos “doutores”: “Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.” (João 8:7)
Para os defensores da “lista classificativa dos pecados” Jesus enganou-se. Certamente. O que Ele quereria ter dito seria: aquele de vós que está sem pecado abominável e não apenas pecado, pois isso igualaria o pecado ou os pecados o que não se coaduna com o “douto” entendimento de tais autoridades nesta matéria.
Aliás, Paulo também se terá enganado ao afirmar aos Romanos : “O salário do pecado é a morte”, pois ter-se-á esquecido de pormenorizar com rigor que tipo de pecado…
Aliviará, talvez, algumas consciências a ideia peregrina de que, permanecendo nós pecadores, só cometemos os pecados “aceitáveis” e como tal seremos pecadores sim, mas pecadores “bonzinhos” por contraponto aos “grandes” pecadores que merecem apedrejamento. Nós, pecadores mas santos, nem pensar. Só cometemos “pecadinhos” e já não “pecadões”… Já teremos atingido, quiçá, uma dimensão farisaica…
Aliviará, talvez, algumas consciências a ideia peregrina de que, permanecendo nós pecadores, só cometemos os pecados “aceitáveis” e como tal seremos pecadores sim, mas pecadores “bonzinhos” por contraponto aos “grandes” pecadores que merecem apedrejamento. Nós, pecadores mas santos, nem pensar. Só cometemos “pecadinhos” e já não “pecadões”… Já teremos atingido, quiçá, uma dimensão farisaica…
Em Lucas 18:09-14 Jesus conta-nos a parábola do fariseu e do publicano. Os publicanos (colectores de impostos, eram detestados pelos judeus e muitas das vezes envolviam-se em corrupção cobrando das pessoas além do que deveriam. Sofriam, assim, um grande repúdio da casta religiosa dos fariseus) eram, entre outros, os tais autores de pecados graves que os fariseus “santos” tanto criticavam e em relação aos quais se achavam espiritualmente (e não só) superiores. Aquele publicano só conhecia um tipo de pecado, aquele de que era feito e que estava entranhado no seu ser. Aquele pecado que só a misericórdia de Deus faz perdoar. O mesmo de que Paulo sabia ser feito (Romanos 7:18,19). Aquele pecado que, outrora abundante, fez, todavia, superabundar a GRAÇA de Deus em Jesus Cristo. (vide Romanos 5.20).
“Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor.” (Romanos 5:21)
Qual pecado? Os muito graves, os graves, os menos graves? PECADO É PECADO.
O pecado é universal e indistinto do mesmo modo que a Graça. “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23:43). Não porque foste ladrão e roubar é apenas, digamos, uma "chatice"(?!), não porque os teus pecados sejam grandes ou pequenos, abomináveis ou apenas desagradáveis, mas porque apenas PELA GRAÇA SOIS SALVOS (cfr. Efésios 2:8).
Alguns pretenderão que a Graça de Deus se esgote no momento em que entregam a sua vida nas mãos do Senhor e o aceitam como único e suficiene Salvador e Senhor. Agora já acharão que podem dispensar a Graça de Deus pois estando a salvo de cometer os tais “grandes pecados” já não são só santos no sentido de separação mas também no sentido de perfeição. Mas perfeito, na minha modesta opinião, só mesmo o disparate de tal posição.
Aos olhos do nosso Deus, salário do pecado (DE TODO O PECADO INDISTINTAMENTE!) é a morte “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3:23).
Não sabemos qual a natureza do “espinho na carne” (cfr. 2 Cor. 12:7) de que nos deu conta o apóstolo Paulo, mas, para os defensores da distinção “pecaminosa”, se se tratasse de um pecado daqueles classificável como “abominável”, então, apesar de ter escrito cartas inspiradas por Deus, de O ter servido até á morte dedicando-se a cumprir a Grande Comissão do Mestre, Paulo, o apóstolo dos gentios, dificilmente seria aceite como membro nalgumas das actuais igrejas evangélicas…
Salomão declarou: “Estas seis coisas o SENHOR odeia, e a sétima a sua alma abomina” (Provérbios 6:16).
Reconhecendo que tenho alguma dificuldade em estabelecer a diferença entre ódio e abominação a tal sétima coisa que Deus abomina é: “o que semeia contendas entre irmãos” (Prov. 6:19 in fine) .
Por isto, também, quero exprimir àquele irmão cuja posição inspirou este texto que assimilei as palavras do Senhor em João 17:21-23 e que é na diversidade de opiniões que está, também, a riqueza da Igreja de Cristo. Deste modo, é com Amor e como mera expressão da minha interpretação do texto bíblico, que escrevo estas linhas.
Foi o mesmo Paulo que afirmou à igreja local em Corinto: “até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós.” (1 Cor. 11:19)
E estes, os sinceros, como disse O Sábio, tem intimidade com Deus. Ele só abomina o perverso. (Prov. 3:32)
Importa, contudo, não esquecer uma verdade insofismável:
Por muito jeito que desse, eventualmente, a alguns, o purgatório não existe mesmo!
Abel Varandas
2010.09.20
Abel Varandas
2010.09.20
[*A discussão surgiu a propósito de qual seria a eventual atitude da igreja perante um candidato a membro que assumisse publicamente a sua homossexualidade ou tendência para qualquer pecado de índole sexual, em contraponto com um outro que declarasse a sua própria avareza, inveja ou propensão para a mentira. A tendência nas nossas igrejas evangélicas seria a de, certamente, acolher com mais facilidade o segundo que o primeiro. Segundo a tese dos defensores da dicotomia de classificação dos pecados, existe razão bíblica para essa atitude pois os primeiros daqueles pecados, ao contrário dos outros, integraria o elenco dos pecados “abomináveis” ao Senhor. Aos caros irmãos defensores dessa tese, e a título meramente exemplificativo da falácia, da sua argumentação, convidaria a uma leitura atenta de Provérbios 12:22]
_____________________________________________________
Nota: As referências bíblicas são da versão Almeida Corrigida e Revisada Fiel da Sociedade Bíblica Brasileira disponível online em http://bibliaonline.com.br (destacados nossos).