Ricardo Gondim
Meu Deus, quanto furor. Não entendo como narinas resfolegam iras em teu nome. Já se horrorizou tanto pelo Nazareno. Vendeu-se, comprou-se, escravizou-se, lucrou-se. Contudo, não me acostumo que alguém alegue tua defesa para assassinar. Teu Filho não veio para roubar e destruir. Ele foi profeta da paz. Ninguém tem o direito de matar com o intuito de gerar vida. A humanidade precisa resistir a violência enquanto aguarda pela alvorada do Reino.
Por que alguns se sentem convocados a te defender? Por que necessitam de armas para te advogar? Será que te transformaram numa ideia? Se te considerarem substantivo abstracto, conviverão com um deus menor que um ídolo. Sei que não permitirás te confinarem nos limites de um conceito. Eles não conseguirão te diminuírem do tamanho de um incitador de luta sangrenta.
Rogo-te pelos que projectam sua imagem narcisista em ti.
Peço-te pelos que se fiam no teu furor e justificam uma índole perversa.
Ajoelho-me pelos medíocres que tentam te cooptar como parceiro.
Penitencio-me pelos que acreditaram nos generais que jogam bombas em crianças.
Altíssimo,
Transforma as arenas em prado;
As trincheiras em hortas;
Os tanques em tractores;
Os brados de guerra em canções de ninar.
Refresca a lembrança do justo com o que lhe pode dar esperança;
Ressuscita os sonhos mortos precocemente no coração do jovem;
Reescreve em tábuas de carne a utopia do cordeiro e o leão pastando na relva;
Pára o sol da justiça no meridiano e promove a cura das nações.
Peço-te por Jesus de Nazaré,
Amém.
Soli Deo Gloria