Quereria descrever em palavras inspiradas
A beleza do mar, das árvores, das flores,
O rugido do leão ou o balido do cordeiro
Escrever poemas, versos, elegias
Ao branco das nuvens, ao multicolorido das aves
Mas não sou capaz
Porque não sou poeta, nem sequer escritor
Saber cantar em melódica exposição
A imponência das montanhas, dos vales, das planícies
E a plenitude azulada do firmamento
Romancear o sorriso inocente de uma criança
Ou o olhar sábio de um ancião
Mas não sou capaz
Porque não sou poeta, nem sequer escritor
Verbalizar empolgadamente a magia
Dos peixes vogando nas profundezas
De um oceano imenso
Do chilrear dos pássaros, do seu planar
De um nascer ou por-do-sol no horizonte
Mas não sou capaz
Porque não sou poeta, nem sequer escritor
Num momento de sublime inspiração
Mesmo sem musas ou tágides
Poder exaltar a magnificência da Criação
Que alguns por se julgarem poetas, ou talvez escritores
Afirmam ser obra de um qualquer inenarrável acaso
Mas também não sou capaz
Porque não sou poeta, nem sequer escritor
Mas há algo que sei que sou capaz
Como glória da Tua Criação
À tua imagem e semelhança concebido
Sem metáforas nem alegorias
Sem lírica, epopeia ou narrativa
Mesmo sem ser poeta, nem sequer escritor
Dizer-Te apenas com o coração aberto
Agora e para sempre:
OBRIGADO, SENHOR!
José de Paiva
(Dez. 2005)