Democracia ("demo+kratos") é um regime
de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os
cidadãos (povo), - in pt.wikipedia.org
O voto é considerado a maior “arma” de um regime democrático.
É a expressão da civilidade num contexto em que o povo é quem dirige,
normalmente através de representantes, os destinos da polis.
Até aqui nada de novo.
Acontece que sendo o voto a expressão maior da democracia, o
seu valor, a sua dignidade, a sua força pressupõe a existência efectiva de uma soberania
e um regime democrático e das suas envolventes matriciais: liberdade,
igualdade, fraternidade, solidariedade, etc.
Desde meados de 2011 Portugal perdeu a sua soberania. E sem soberania também não
há democracia.
Hoje somos aquilo que considero ser um protectorado feudal da União Europeia.
E a classe política que nos arrastou para este neo-feudalismo não quis saber da
minha opinião, enquanto parte integrante da vox
populis.
Para empenharem o nosso futuro e dos nossos filhos ninguém quis saber do nosso
voto.
Alguém foi chamado a opinar se estaria de acordo com cortes nos salários, nas
prestações sociais, nas reformas, nas pensões, no estado social, na saúde, na
educação, na justiça, em todas as áreas onde o Estado deveria garantir o
bem-estar dos cidadãos e, ainda, em aumentos
brutais na carga fiscal das famílias ou aumentos unilaterais nos tempos de
trabalho?
Para “vender” o país aos interesses estrangeiros e às ditaduras dos mercados e
da banca alguém quis saber o que eu pensava? Será que alguém sequer ponderou
perguntar-me, quiçá em referendo, se eu, enquanto povo, supostamente detentor
de um quinhão de soberania por mais pequeno que fosse, concordava com a "venda" da soberania nacional e com a perda
de direitos civilizacionalmente conquistados em detrimento do contentamento dos
“mercados” e do grande capital internacional?
Pois é.
"Borrifaram-se" para mim e para os meus concidadãos.
Mas agora lá vem eles todos “falinhas mansas” pedir o meu voto para perpetuar
as benesses do “poleiro” que supostamente é um momento sacrificial pois blá-blá-blá
que isto de fazer política é um sacrifício blá-blá-blá e eles gostam de sofrer e
por isso, até, ao fim de tantos anos de sofrimento atroz (ou será
atrás…?!) vão “sofrer” para outro lado a bem da res publica, blá-blá-blá… blá-blá-blá…blá-blá-blá
Basta! Não dou mais para este peditório!
Dizem-me que votar, mais que um direito, é um dever cívico.
Concordo. É assim em democracia e numa sociedade civilizada.
Lamentavelmente, dei-me conta que vivo hoje, não numa democracia ou Estado-de-Direito democrático mas, afinal, numa espécie de barbárie
colonizada onde se assistem diariamente a retrocessos civilizacionais e a
fenómenos de decadência axiológico-institucionais.
Pessoalmente, assumo o meu DEVER CÍVICO de deixar de
participar activamente nesta “palhaçada”.
Contudo, porque sou visceralmente democrata, respeito o facto de que haverá sempre quem o fará e até com gosto.
Bom proveito.
JdP
29 de Setembro de
2013