31 outubro 2012
30 outubro 2012
28 outubro 2012
INTERDEPENDÊNCIA
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Fontes próximas do Real
Madrid anunciaram hoje que Cristiano Ronaldo comunicou a José Mourinho a sua
indisponibilidade para continuar a treinar com a restante equipa. CR7 terá
enviado uma missiva ao treinador do clube madrilista onde tece algumas considerações
sobre o percurso da equipa principal de futebol e se manifesta indisponível
para continuar a treinar junto com os seus colegas tendo alegado nomeadamente:
“…não necessito dos meus colegas para
ser o melhor jogador do mundo nem eles precisam de mim para continuarem a ser
uma equipa. Eu já provei que sou, sem sombra de dúvida o melhor jogador do
mundo e não preciso de treinar ou jogar com os meus colegas para continuar a
ser o melhor. Para quem tenha dúvidas da minha qualidade posso sempre fazer uma
exibição individual das minhas capacidades futebolísticas”.
Desnecessário será dizer que se trata, não só de uma notícia falsa como, a ser verdade, roçaria até o absurdo.
É impensável conceber um desporto colectivo como o futebol e
aceitar a mera possibilidade de uma atitude semelhante à que, ficcionadamente,
relatei.
No entanto, bastará pensarmos um pouco, para chegarmos
facilmente à conclusão que uma atitude equivalente a esta é tantas vezes aquilo
a que assistimos à nossa volta no contexto da nossa Igreja local. Quiçá, na
nossa própria atitude.
Não raras vezes, (eventualmente a maior parte delas dentro da
nossa própria cabeça) ouvimos expressões do tipo: “No meio de tanta gente quem vai dar pela minha falta” ou “ para quê a minha ajuda. Não falta gente para
ajudar” ou, ao invés, se a questão for o papel da Igreja na nossa vida
somos confrontados com pensamentos do tipo: “eu sei no que creio, estou seguro da minha fé, à minha volta e dentro
da Igreja vejo tanta coisa a correr mal, tantas atitudes erradas que vou viver
a minha fé fora dali. Não preciso dos outros para nada. Só preciso de Deus. E
com Deus estou bem, portanto…”.
Nada de mais errado!
Na Bíblia encontramos variadíssimas vezes a imagem da Igreja
como um corpo. E não um corpo qualquer. O próprio Corpo de Cristo, razão da
nossa fé.
Um corpo, tal como uma equipa, são realidades plurais.
Eu não gosto
particularmente do meu nariz. Para além da sua, digamos, superlativa dimensão,
acresce que esteticamente é assimétrico em relação ao rosto.
(E não quero sequer imaginar o que seria se fosse o meu nariz a não gostar de
mim…) Perante este facto poderei ter uma de duas atitudes: ou faço uma cirurgia estética de reconfiguração e fico com um apêndice mais pequeno, porventura mais bem enquadrado no rosto mas não deixará de passar a ter uma natureza artificial ou, então, numa atitude mais sensata, aceito o meu nariz e o resto do meu corpo exactamente como são e prossigo a minha vida aceitando-me tal como sou, resultado do supremo design(io) do Criador.
Ainda não tinha 30 anos de idade, quando achei que eu era um “nariz
direito” mas todo o corpo à minha volta estava torto. Tinha tido oportunidade
de interiorizar e enraizar as bases e alicerces da minha fé, fruto do
discipulado adquirido quer na Igreja Local, nos acampamentos e, ainda, no Grupo
Bíblico Universitário (GBU) de que fora dirigente, e como estava bem seguro daquilo
em que cria, não ia precisar de mais nada nem de mais ninguém. Resolvi, então,
partir para uma experiência a que chamaria de Cristianismo Autónomo e Independente – CAI(!) sem desconfiar que
estava apenas a encontrar uma designação atraente e pomposa para uma coisa que
nada mais era afinal que a travessia de um deserto consubstanciado numa experiência
pessoal penosa e traumática que o Senhor Jesus tão bem retratou na Parábola do
Filho Pródigo.
Quero, todavia, deixar bem claro que, não fora a preparação adquirida
na juventude em termos de discipulado activo, e o meu regresso poderia ter sido
uma mera miragem ou, pelo menos, ser bem mais tardio, com as inevitáveis e
dolorosas consequências daí decorrentes.
Haverá, certamente, quem diga que é uma pena não existirem
comunidades perfeitas.
Mas como constituir uma comunidade perfeita quando aqueles
que a integram são, inapelavelmente, imperfeitos?
Uma coisa é, porém, certa: só na comunhão efectiva e na união
das diversas imperfeições se consegue construir uma comunidade plena,
certamente não de atitudes perfeitas, mas de atitudes autênticas e de partilha
e construção conjuntas. E só nessa comunhão se atingem objectivos vitoriosos. E
neste propósito não há dispensáveis. Todos, sem qualquer excepção, estão
convocados.
A discussão no mundo
do futebol sobre se o melhor é Lionel Messi ou CR7 nunca foi e nunca será sobre
qual deles é o jogador perfeito.
E nenhum deles teria conquistado o que já conquistou e seria
o que já é hoje, e poderá ainda vir a ser e a conquistar, se tivessem decidido
passar a vida a fazer exibições individuais de domínio de uma bola. Quer um
quer outro, são considerados os melhores do mundo, porque fazem parte de
equipas onde a sua contribuição é fundamental e onde também os seus colegas,
não obstante poderem ter até um nível técnico ou competitivo ligeiramente inferior
ao seu, são essenciais ao seu desempenho e ao seu crescimento pessoal como
atletas e como indivíduos. Para já não falar de todas as outras áreas que assumem
o suporte logístico das áreas principais e que, como tal, são igualmente
importantes. Estes atletas são o que são, apenas e só, porque fazem parte de
uma equipa que ajudam a construir e a tornar vencedora. Equipa, de onde
emergem, unicamente, porque nela estão integrados. A medida do seu relevo é
consequência lógica e directa da sua integração no colectivo. E sem esse
colectivo, simplesmente, não existem.
A Igreja, quer na sua
dimensão universal quer local, tal como o futebol, é um “jogo” (playground/espaço) colectivo! E todos
fazemos parte do “plantel”! E todos temos que estar à disposição do
“treinador”!
Como em qualquer
estrutura colectiva, o conceito essencial e central é a interdependência.
Quero deixar-vos uma sugestão: A leitura atenta do capítulo
12 da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios na versão A BÍBLIA PARA TODOS onde,
a dado passo, se pode ler:
“a verdade é que Deus colocou todas as partes
do corpo, cada uma no lugar que lhe pareceu melhor.” (18)
e
“o que parece mais fraco no corpo é, por vezes,
o mais preciso.” (22)
Abel José Varandas
2012.10.25
22 outubro 2012
21 outubro 2012
18 outubro 2012
17 outubro 2012
10 outubro 2012
09 outubro 2012
08 outubro 2012
Dia de saudade
38 anos após
Dilacerado na saudade
De uma partida sem aviso
Do abraço que me faz falta
Da tua presença serena
Sei que estás aqui
Bem perto, bem dentro
Presença que não acaba
Jamais.
AJV
2012.10.08
05 outubro 2012
02 outubro 2012
A GREVE E OS SEUS EFEITOS
Durante os treze anos em que fui dirigente sindical, uma das questões que sempre foi e, provavelmente, sempre será redundante quando se parte para uma greve no sector público é o facto de invariavelmente a mesma poder vir a afectar os cidadãos em geral e, quando ocorre em sectores básicos como os transportes, é muito comum a vox populi ser de que este direito vem prejudicar, essencialmente, o dia-a-dia dos utentes e não o “patronato” que até, neste caso, assegura alguma poupança em massa salarial sem, no entanto, aceder, na maioria das vezes, ao fluxo reivindicativo.
Ora, quanto maior for o prejuízo causado à normalidade da prestação de um serviço público e quanto maior for o número de cidadãos ou interesses envolvidos nos seus resultados, mais eficaz é o efeito da greve. O que se pretende numa acção grevista é exactamente que seja impactante nos seus efeitos. Quanto maior o grau de inocuidade de uma greve, maior o seu fracasso. O mesmo é dizer que o sucesso do direito à greve não se mede apenas pelo número de adesões dos trabalhadores, em concreto, titulares desse direito mas, e sobretudo, pelo impacto social da acção grevista.
Efectivamente, pela experiência que adquiri e historicamente comprovada, os “patrões” , não raras vezes, parecem ser os mais alheados do impactos das greves, para além de, na sua lógica, mesmo quando um determinado serviço pára por completo, não existirem greves com adesão total e, invariavelmente, os seus números se afastarem dos apurados pelo movimento sindical (onde também, por vezes, se exagera por excesso!) quase até ao absurdo.
Apesar de já há muito desconfiado, percebi recentemente a verdadeira
causa de todas estas minhas “estranhezas” em relação à leitura feita pelos “patrões”,
em cada caso concreto, aos efeitos do exercício deste direito constitucional.
Aquilo que sempre julguei ser a assunção de posições táctico-estratégicas do mundo laboral e que levava (e leva!) invariavelmente os “patrões” a desvalorizar os efeitos que os cidadãos sentiam (e sentem!) como prejuízo necessário e decorrente do exercício daquele direito, não passava afinal de… “ignorância”.
Obrigado, Borges.
Aquilo que sempre julguei ser a assunção de posições táctico-estratégicas do mundo laboral e que levava (e leva!) invariavelmente os “patrões” a desvalorizar os efeitos que os cidadãos sentiam (e sentem!) como prejuízo necessário e decorrente do exercício daquele direito, não passava afinal de… “ignorância”.
Obrigado, Borges.
Abel J. Varandas
2012.10.02
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