Olhando as primeiras páginas dos jornais desta manhã, há uma
não-notícia que se sobrepõe às medidas fortemente restritivas tomadas pelo
governo de forma desonestamente secretista, quer sobre os cortes (temporários?)
dos subsídios de férias e Natal dos funcionários públicos e pensionistas quer
na proibição não anunciada nem explicada da proibição (temporária?) das
antecipações das reformas. Dizia eu que a tal não-notícia se sobrepõe a todas estas
recentes (más!) notícias. No campo das (relativas) boas notícias – bem cada vez
mais escasso, diga-se – só a da passagem heróica do “meu” Sporting às meias-finais
da Liga Europa.
Mas então qual é essa não notícia que quero destacar?
Há pouco mais de 2000 anos num local ermo da Palestina, o Império Romano
procedia a uma execução. Os condenados eram três. Dois deles eram
reconhecidamente marginais, e pagavam com a vida o preço de uma carreira
dedicada ao crime. O terceiro e destacado condenado era um judeu, de nascimento
humilde, de vida impoluta, exemplar, sem qualquer mácula, não havendo uma única
testemunha que pudesse afirmar ser culpado de qualquer crime. Pelo contrário,
não faltariam testemunhas do seu altruísmo, da sua dedicação aos outros, de se
entregar a si próprio sem nunca requerer ou sugerir qualquer compensação. Por
outro lado, não faltaram também poderes instalados que o acusaram de abanar os alicerces
de um sistema que não admitia outsiders,
muito menos quando estes ousavam desafiar o status
quo como só Ele poderia fazer e fez! E por isso mesmo o condenaram.
Pagou com a vida a sua extraordinária ousadia, diriam hoje alguns
comentadores políticos. Afrontar o sistema judaico de fortíssima componente
tradicional, ainda por cima num enquadramento político adverso de ocupação
imperial era suicidário sob qualquer ponto de vista social ou político-estratégico.
Acontece, porém, que a Sua Missão não era política, geo-estratégica ou meramente
humanista ou pacifista. A Sua Missão era demonstrar à Humanidade o Grandioso
Amor de Deus. A Sua verdadeira Missão era a redenção dessa mesma Humanidade. E
nesse sentido era necessário que as profecias se cumprissem e que fosse até à
cruz e que ali desse a sua vida de Homem para que o Homem percebesse que Deus
tinha vindo até si para ressuscitar a esperança. A esperança do renascer, da verdadeira
vida, da vida tão abundante que se fez eterna.
Ninguém afinal lhe tirou essa vida. Foi Ele que decidiu oferecê-la. Já
tinha dado tudo o resto. Só faltava carregar sobre si a condenação dos outros.
A minha também. Sobretudo.
O seu Nome?
Cidadão judeu, conhecido publicamente como Jesus de Nazaré e chamado O
Cristo.
Pouco mais de dois mil anos depois hoje é feriado porque Ele morreu.
E no Domingo volta a ser feriado porque Ele ressuscitou.
Pouco mais de dois mil anos depois continua a não merecer a mais pequena
referência nas primeiras páginas dos nossos jornais.
Para milhões em todo o mundo Ele é a verdadeira BOA NOTÍCIA.
Para mim, particularmente, é a ÚNICA!
Abel José Varandas
Sexta-Feira Santa, 2012.04.06
Sexta-Feira Santa, 2012.04.06