O recente “rompimento” definitivo entre mim e Albina levou-me a ponderar terminar este blog. Não que este espaço esteja directamente ligado com o que foi aquela relação (apesar de ter sido criado na sua pendência) mas porque a angústia imensa sobre a minha vida que aquele “final” está a representar me deixa pouca clarividência, neste momento, para continuar.
Estou, porém, decidido a recuar nessa intenção.
Desde o início da relação que pensei e, sobretudo, desejei acabar os meus dias ao lado de Albina. Construindo o lar que, afinal, acabei por nunca ter. Mas chego agora à conclusão que esse lar nunca existiu e, provavelmente, nunca existirá tão-somente porque o peso de uma infância tão distorcida e atribulada como a que tive (juntamente com meu irmão de sangue cuja vida é um drama bem maior ainda), não deixou margem para que a minha estrutura interior adquirisse a maturidade necessária e fosse suficientemente forte para poder ultrapassar traumas absolutamente marcantes e tristemente definidores da minha personalidade e do meu percurso como pessoa.
E se amar não é fácil muito mais difícil se torna amar o outro exactamente como é. E se esse outro for eu, então, a dificuldade acresce.
Creio que Albina nunca foi capaz de me amar como sou. Mas não a culpo por isso. Eu não sou mesmo nada fácil. Reconheço.
E reconheço, até, que também não a amei como devia. Apenas como sei. E talvez saiba demasiado pouco.
E ela tinha mesmo razão quando sussurrava, antes sequer de iniciarmos a nossa relação: “Com aquele irmão? Com aquele passado? Nem pensar!”
Mas desengane-se quem julgar que, apesar da dor, da amargura e da ausência tão difíceis de suportar, fiquei só.
Como pode estar só, alguém que tem o melhor filho do mundo?
Como poderá queixar-se de solidão alguém a quem foi prometido pelo Pai “Não te deixarei nem te desampararei!”? Ou quem tem consciência de que O Mestre está consigo até à consumação dos séculos?
Ou quem já se sente integrado numa comunidade (Igreja Evangélica Baptista de Cedofeita) onde foi aceite exactamente como é. Sem perguntas nem restrições e com verdadeiro ágape?
“A minha alma te segue de perto; a tua destra me sustenta.”
Salmo 63:8
É à sombra da tua destra que quero descansar, Senhor!
E persistir em Te servir de todas as formas que, ainda, me forem permitidas.
Com meus irmãos. Contigo. Por Ti. Para Ti. Até àquele dia.
Só(,) para Tua Glória.
Abel Varandas