20 abril 2010


ENSAIO
Filosofia e religião
João Carlos Espada *



Anthony Garrard Newton Flew
(11 de Fevereiro de 1923 – 8 de Abril de 2010)


Como o ateu mais conhecido do mundo mudou de opinião": este é o subtítulo de um livro recente do professor Anthony Flew ("There Is a God: How the World's most Notorious Atheist Changed His Mind", 2007/2008). Não posso avaliar se ele era ou não o ateu mais conhecido do mundo, mas era seguramente bastante conhecido.

TEOLOGIA E FALSIFICAÇÃO
Em 1950, numa sessão do Oxford University Socratic Club, presidida por C. S. Lewis, Flew apresentara uma comunicação que ficou famosa: "Theology and Falsification". A tese era inspirada na teoria da refutação de Karl Popper e pretendia excluir a hipótese de existência de Deus com base no argumento de que essa hipótese não era susceptível de refutação (Popper, diga-se de passagem, nunca subscreveu esse argumento de Flew). Mais tarde, Flew desenvolveria o argumento em dois livros com bastante sucesso: "God and Philosophy" e "The Presumption of Atheism".

Durante mais de 50 anos, Anthony Flew foi sem dúvida um influente crítico da religião, bem como um filósofo respeitado, que ensinou em Oxford, Reading, Keele e Aberdeen. O anúncio público da sua conversão, em 2004, criou de facto um certo furor, sobretudo no mundo de língua inglesa. Embora muitos outros filósofos e cientistas tenham ultimamente escrito em defesa da existência de Deus, o caso de Flew assume no entanto um interesse especial. Tendo sido um reputado ateu com base na razão, agora defende que, precisamente com base na razão, foi levado a concluir que Deus existe.

EM NOME DA RAZÃO
"Agora acredito", escreve Anthony Flew, "que o universo foi trazido à existência por uma Inteligência infinita. Acredito que as intricadas leis deste universo manifestam aquilo que os cientistas têm chamado a Mente de Deus. Acredito que a vida e a reprodução têm origem numa Fonte divina." (p. 88)

Como explicar estas novas convicções de Anthony Flew, quando ele passara 50 anos a defender o contrário? A resposta é simples, diz o autor: "Esta é a visão do mundo que emerge da ciência moderna. A ciência destaca três dimensões da natureza que apontam para Deus. A primeira reside no facto de a natureza obedecer a leis. A segunda é a dimensão da vida, de seres inteligentemente organizados e que se dirigem por propósitos, que emerge da matéria. A terceira é a própria existência da natureza." (p. 89)

ABERTURA RACIONAL
Não se trata de uma mudança de paradigma, explica Anthony Flew, porque o seu paradigma continua o mesmo, ditado por Sócrates: "seguir o argumento [racional], onde quer que ele leve".

Uma questão relativamente óbvia emerge desta explicação. Se Anthony Flew sempre se pautou pelo mesmo princípio - seguir o argumento racional, onde quer que ele leve -, por que razão não foi conduzido antes à hipótese de Deus? A resposta é interessante: porque, explica ele, o seu entendimento de razão não era suficientemente aberto a todas as hipóteses explicativas para a grande pergunta "por que razão existe alguma coisa em vez de nada?".

UMA PARÁBOLA
Comecemos com uma parábola, propõe Anthony Flew. Imaginemos que um telefone por satélite aparece numa ilha habitada por uma tribo que nunca teve contacto com a civilização. Os nativos carregam ao acaso nas teclas e ouvem diferentes vozes humanas após digitarem algumas sequências. Assumem que é o instrumento que produz aquelas vozes.

Surge então um membro solitário da tribo que diverge dos outros. Este propõe outra hipótese: o aparelho está basicamente a comunicar com outros seres humanos, que existem para lá dos limites estreitos da única ilha que a tribo conhece. A tribo responde com uma gargalhada geral: isso é pura superstição. Basta ver que, uma vez destruído o aparelho, as vozes deixam de se ouvir. Logo, as vozes são produto do aparelho.

FACTOS E PRECONCEITOS
Este é um exemplo, diz Anthony Flew, de como ideias preconcebidas dão forma aos dados empíricos, em vez de se deixarem desafiar pelos dados empíricos. Algo semelhante acontece quando os ateus (como era o seu próprio caso) dizem que "não devemos procurar uma explicação para a existência do mundo, ele simplesmente existe". Ou quando "porque não podemos aceitar uma fonte transcendente da vida, simplesmente escolhemos acreditar no impossível: que a vida emergiu espontaneamente e por acidente da matéria". Ou ainda que "as leis da física são 'leis sem lei' que emergem do vazio" (pp. 85-87).

Publicado em 17 de Abril de 2010 in Jornal i (www.ionline.pt)
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* Doutorado em Ciência Política em Oxford. Director do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa e da revista “Nova Cidadania”. É também presidente da Churchill Society de Portugal.

03 abril 2010

QUE MARAVILHOSO AMOR É ESTE?



“Enquanto Ele escorrega lentamente nos pregos cravados nos pulsos, uma dor alucinante dispara ao longo dos dedos, subindo pelos braços, para explodir no cérebro; os pregos nos pulsos colocam pressão nos nervos médios. Quando tenta elevar o corpo para evitar o tormento de esticar a carne, coloca todo o peso nos pregos que atravessam os Seus pés. Mais uma vez, a agonia dos pregos rasgando os nervos entre os ossos dos pés. Enquanto os braços se cansam, cãibras atravessam os músculos, deixando-os numa profunda, inexorável, latejante dor. Com estas cãibras vem a incapacidade de se erguer para poder respirar. O ar consegue chegar aos pulmões, mas não é expelido. Ele luta por se erguer para conseguir respirar um pouco… horas desta interminável dor, ciclos de terríveis e dilacerantes cãibras, asfixia intermitente e parcial, dor abrasadora cada vez que o tecido é afastado das Suas costas laceradas, sempre que Ele se movimenta para cima e para baixo contra a madeira áspera. É então que outra agonia começa: uma profunda, esmagadora dor no peito quando o pericárdio lentamente se enche de soro e começa a comprimir o coração. Agora está quase a terminar, a perda de fluidos dos tecidos atinge um nível crítico. O coração comprimido luta por fazer chegar aos tecidos o pesado, espesso e preguiçoso sangue. Os pulmões torturados estão a fazer um esforço hercúleo para respirar pequenos goles de ar. Ele consegue sentir o calafrio da morte deslizando pelos seus tecidos…finalmente pode deixar o Seu corpo morrer”



(Descrição de um médico citada por C. Truman Davis na sua obra The Expositor’s Bible Commentary)

- in A PALAVRA PARA HOJE nº 15 (www.ucbportugal.pt)
02 ABR SEXTA- FEIRA SANTA

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